A campanha nacional de servidoras e servidores federais pelo fim do congelamento salarial e em defesa dos serviços públicos ajudou a construir os atos que marcam nesta terça-feira, em todo o Brasil, o Dia Internacional das Mulheres – 8 de março. A presença do movimento sindical do funcionalismo nos atos de 8 de Março não é novidade, é uma tradição há muito anos. Porém, desta vez, isso está sendo trabalhado de forma articulada nacionalmente.
Faz parte do calendário de mobilização da campanha salarial traçado pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), da qual o Sintrajud e a federação nacional (Fenajufe) participam. Em São Paulo, a manifestação está marcada para começar às 16 horas, no vão livre do Masp – com todos os cuidados sanitários recomendados pela saúde pública.
No dia seguinte à data de mobilização feminista, em 9 de março, haverá o lançamento do Comando Nacional de Construção da Greve – que envolverá diversos segmentos do funcionalismo público federal.
É uma iniciativa que busca intensificar a campanha salarial unificada – que tem indicativo de paralisação e atos para o dia 16 próximo e de greve por tempo indeterminado a partir de 23 de março – caso o governo federal não aceite negociar a pauta da reposição das perdas salariais acumuladas nos três primeiros anos da gestão de Bolsonaro.
As servidoras e servidores do Judiciário Federal em São Paulo já aprovaram participar da mobilização de 16 de março – com um ‘apagão’, que consistirá no desligamento de todos os sistemas de trabalho na data, com orientação de que em todo o estado nenhum servidor ou servidora faça login nas máquinas e programas de trabalho.
Além da participação nos atos e do seminário de formação realizado no último sábado, 5 de março, pelo Coletivo de Mulheres do Sintrajud – Mara Helena dos Reis, o Sindicato também promoverá ao longo de todo o mês postagens em homenagem a mulheres que são referência para a história de lutas feministas no país e no mundo. Na lista constam Aqualtune e Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela, Luiza Mahin, Alexandra Kollontai, Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo, Marielle Franco, Lélia González e Angela Davis. Acompanhe as redes do Sindicato e conheça as histórias e contribuições dessas mulheres à conquista de direitos que estão hoje assegurados à parcela feminina da população. Toda segunda e sexta-feiras serão publicados cards para serem lidos, curtidos e compartilhados.
O 8 de março é uma data que surgiu a partir da proposta da líder feminista alemã Clara Zetkin à 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em 1910 na Dinamarca. Clara sugeriu a indicação de uma data celebrasse internacionalmente as lutas das mulheres trabalhadoras contra a opressão e a exploração.
No dia 8 de março de 1917, operárias têxteis russas iniciaram uma greve em razão das condições aviltantes de trabalho que foi a origem da Revolução Russa — a maior mobilização transformadora promovida pela classe trabalhadora no século XX.
O Dia Internacional da Mulher também foi por muito tempo associado a outra greve, que teria ocorrido numa fábrica em Nova Iorque. em 1857. Esta referência aponta que as operárias estariam produzindo tecidos de cor lilás quando o dono da empresa, em retaliação à deliberação de paralisar os trabalhos, teria trancado a fábrica e mandado atear fogo, matando 129 trabalhadoras. Embora a versão de 1857 careça de comprovação histórica, não é à toa que desde o seu nascimento a efeméride está associada às lutas emancipatórias.
* Colaborou Luciana Araujo