Participantes do ciclo e palestrantes ao final da aula ocorrida nesta quinta-feira, 15 (Fotos: Joca Duarte).
O avanço do trabalho por plataformas nas diversas categorias foi o tema do terceiro encontro do Ciclo de Debates Teletrabalho, metas e direitos: os impactos no serviço público. A atividade aconteceu nesta quinta-feira, 15 de setembro, no auditório do Sintrajud, e teve a presença dos professores Fabiane Previtali, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Ricardo Festi, do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia na Universidade de Brasília.
A aula destacou o avanço dos trabalhos plataformizados e do teletrabalho como parte de uma reorganização do processo produtivo, a partir da ótica do capitalismo neoliberal e em um contexto de retirada de direitos.
Ricardo Festi explicou que as principais características da plataformização são a flexibilização e exteriorização. “As empresas passam a levar para fora parte do seu trabalho, antes através de outras empresas, que era a terceirização, agora em um contexto de uberização. Isso individualiza. O indivíduo adere a uma plataforma sem vínculo empregatício direto com a empresa, isso é a exteriorização, e empresa mercantiliza essa forma de trabalho e precariza ainda mais”, afirmou o pesquisador.
Para a professora Fabiane Previtali, é necessário perceber que o problema não é o avanço da tecnologia, e sim a serviço de que esse avanço está, seja na iniciativa privada ou na esfera pública. “Tecnologia tem determinação de classe, tem vetor, sempre será a melhor tecnologia para controlar o trabalho e ganhar mais. Por isso temos percebido que ao mesmo tempo que se avança a condição tecnológica, tem-se o aprofundamento da cisão daqueles que vivem do trabalho e daqueles que vivem da exploração do trabalho alheio, com a crescente precarização”, destacou Fabiane.
Ainda na opinião dos professores, realizar debates como os do Ciclo do Sintrajud é importante porque a plataformização do trabalho pode ser uma realidade no serviço público em médio prazo. “Hoje nos parece distante, mas há um potencial de uberização e plataformização no serviço público, vejam, atualmente o debate central da tecnologia é o controle sobre as horas de trabalho, sobre o trabalhador. E o debate que está colocado no teletrabalho é como controlar jornada e fluxo de trabalho, por isso é necessário debater e acompanhar”, ressaltou Ricardo Festi.
Veja a íntegra do terceiro encontro aqui:
Próximas atividades
Durante todo o mês de setembro, a diretoria do Sintrajud, em parceria com diversas entidades, está realizando o Ciclo de Debates Teletrabalho, metas e direitos: os impactos no serviço público. As aulas acontecem presencialmente sempre nas quintas-feiras, das 19h30 às 22h, havendo também a possibilidade de participar pela internet.
Na próxima quinta-feira, 22 de setembro, acontece o quarto encontro do Ciclo, com a mesa Classe, raça, gênero e lutas sociais, que terá a participação dos professores Lívia Moraes, do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e de Wagner Miquéias Damasceno, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e autor do livro Racismo, Escravidão e Capitalismo no Brasil: uma abordagem marxista (Editora MireVeja).
Na oportunidade, Wagner autografará o livro para os interessados, a partir das 19 horas, também no Sindicato.
Participe!