Atos em defesa do serviço público marcam Dia dos Aposentados


24/01/2020 - Shuellen Peixoto

O Dia Nacional dos Aposentados foi marcado por atos em todo o país contra a militarização do INSS em substituição à realização de concursos públicos, contra o aumento da taxação a aposentados e pensionistas com as novas alíquotas previdenciárias e em defesa dos serviços públicos. 

Em São Paulo, o ato aconteceu na tarde desta sexta-feira, 24 de janeiro, com início em frente à agência Xavier de Toledo do Instituto, seguido de caminhada até a Gerência Estadual do órgão, no Viaduto Santa Efigênia. A manifestação teve a presença de diversos sindicatos, trabalhadores da ativa e  aposentados indignados com os ataques do governo aos direitos, como a ‘reforma’ da Previdência, aprovada no final de 2019.

“Hoje é o dia daqueles e daquelas que trabalharam 30 anos pelo direito de usufruir da aposentadoria, que é uma conquista histórica e está sendo atacada brutalmente. Nosso salário de aposentados, que está congelado há anos, vai sofrer um confisco grande com o aumento da contribuição previdenciária. Estamos aqui neste ato para dizer não à ‘reforma’ da Previdência do Bolsonaro. Estamos nas ruas para exigir nossos direitos”, afirmou Ana Luiza Figueiredo, servidora aposentada do TRF-3 e diretora do Sintrajud.

O protesto também denunciou a mais nova medida do governo Bolsonaro que evidencia o desmonte do estado de direito: o desvio de função de sete mil militares para exercer atendimento nas agências do INSS.  Servidores do órgão que participaram da manifestação avaliam que a medida não resolverá a situação caótica atual, com cerca de dois milhões de pedidos de brasileiros aguardando apreciação de seus processos. Isso porque os militares não estão aptos para este trabalho. “O que vai resolver a fila do INSS é concurso público, mais servidores. Temos um déficit de trabalhadores grande, estamos em risco de colapso, é um absurdo que em um país com 15 milhões de desempregados, a solução que o governo encontre  seja contratar militares de reserva sem treinamento algum”, destacou Thaize Antunes, diretora do Sinsprev e da Fenasps (a federação daquela categoria). Para a servidora, a proposta é parte do projeto de destruição da Previdência pública no país. “Nossa proposta é concurso público e, emergencialmente, a convocação dos aposentados do próprio INSS, com a contrapartida financeira”, disse.

Tarcisio Ferreira, servidor do TRT e diretor do Sintrajud, ressaltou que todos os setores do serviço público estão sob ataque e com déficit de pessoal.  “A falta de servidores atinge o conjunto do serviço público, no Judiciário Federal já são centenas de cargos vagos e o governo não chama gente nova. Assim, nós não conseguimos prestar o melhor serviço”, afirmou Tarcisio. “Que este dia 24 seja o pontapé inicial para um grande movimento em defesa do serviço público, parte da construção da greve geral no dia 18 de março. A luta dos servidores do INSS e dos aposentados é também a luta do conjunto do funcionalismo público e dos trabalhadores da iniciativa privada”, finalizou.

Para construir um calendário de lutas e a participação do funcionalismo público na 18 de março – dia nacional de paralisações, greves e mobilizações convocado por todas as centrais sindicais, o Fórum dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo realizará uma plenária.  A atividade acontece no dia 8 de fevereiro (sábado), às 9h, no auditório do Sintrajud, e é aberta a servidores federais, estaduais e municipais, ativos e aposentados, de todo o estado. O objetivo é debater a resistência aos ataques do governo Bolsonaro, como o plano ‘Mais Brasil’ e a ‘reforma’ administrativa.

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