Manifestação em frente ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, defendeu mais democracia por parte do órgão na relação com os trabalhadores do Judiciário Federal, abertura de diálogo e a suspensão da resolução que restringe drasticamente o teletrabalho, chamada de Resolução do Retrocesso (CNJ 481/22).
Ao final do ato, realizado nesta quarta-feira, 8 de fevereiro, uma comissão foi recebida pela desembargadora Carmen González, juíza auxiliar da presidente do Supremo Tribunal Federal e do próprio CNJ, ministra Rosa Weber.
Na reunião, os servidores expressaram o descontentamento da categoria com o modo como o CNJ encaminhou a questão – sem ouvir os servidores. Foi reivindicada a suspensão da medida, que busca limitar a 30% o percentual máximo de trabalho remoto e está sendo adotada em muitos tribunais sem dialogar com a possibilidade de rodízio, e abertura de diálogo com a categoria.
Também foi solicitado o ingresso da federação na comissão instituída pela Corregedoria para acompanhar a implementação da resolução. E o agendamento o quanto antes de uma audiência com a ministra Rosa Weber.
O ato teve a participação de delegação do Sintrajud, de outras entidades sindicais do PJU nos estados, da federação nacional da categoria (Fenajufe) e de outras federações do sistema judicial.
Diretor do Sintrajud e da Fenajufe, o servidor Fabiano dos Santos participou da reunião com a desembargadora Carmen González e relatou como foi a conversa:
“Nós enfatizamos o prejuízo que teve para todo esse processo o fato de as servidoras e os servidores não terem sido ouvidos”, disse. “Esclarecemos que estamos com um procedimento administrativo, que foi negado, e que nós vamos recorrer. Necessariamente, esse tema volta ao Plenário e é uma oportunidade para que várias questões se esclareçam”, relatou.
Fabiano disse que também foi enfatizado com a desembargadora que, embora a autonomia dos tribunais na aplicação da resolução esteja prevista no texto da medida, na prática os tribunais parecem não ver espaço para de fato adotar esta autonomia. “Também dissemos a ela que queremos ser recebidos pela ministra Rosa Weber, que já está há vários meses na Presidência e ainda não nos recebeu”, assinalou.
A atividade no CNJ buscou dar visibilidade para o descontentamento dos servidores com o modo autoritário como o Conselho vem se relacionando com a categoria e forçar a abertura de espaços nos quais o caso possa ser reavaliado.
O protesto no CNJ ocorreu no mesmo dia em que, pouco depois, à tarde, aconteceu um ato no Salão Negro do Senado em defesa da democracia, um mês após os atos golpistas realizados pela extrema-direta bolsonarista em Brasília. Também nesta quarta-feira (8), manifestação no Fórum Ruy Barbosa, do TRT2, contestou o retrocesso no trabalho remoto.