Ato em solidariedade às vítimas do desabamento reúne milhares em São Paulo


10/05/2018 - Luciana Araujo

Concentração para o ato na Praça da Sé (crédito: Marcus Vergne)

“O povo unido, jamais será vencido”, foi com essa palavra de ordem que as vítimas do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida receberam os milhares de trabalhadores que participaram do ato para exigir uma solução concreta de moradia e políticas públicas voltadas à garantia do direito à habitação popular. A manifestação, organizada pelos movimentos de moradia de São Paulo e entidades sindicais, aconteceu na tarde desta quarta-feira (9 de maio).

O ato começou na Praça da Sé e, ao longo da tarde, os manifestantes fizeram passeata pelas ruas do Centro e entregaram documentos na Prefeitura, Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e Caixa Econômica Federal. A manifestação terminou no Largo do Paissandu, com um ato ecumênico em homenagem às vítimas, durante o qual os manifestantes acenderam velas.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos,  ressaltou que é urgente que o poder público solucione o déficit habitacional no país. “Existem mais edifícios abandonados do que gente sem teto no Brasil, são 7,9 milhões edifícios abandonados e 6,3 milhões de famílias sem teto, então é um descaso completo do poder público”, afirmou.

“Se o poder público tivesse feito seu papel, que é atender aquelas famílias com política habitacional, reformado e requalificado o imóvel  e destiná-lo para moradia, não teria acontecido o que aconteceu”, destacou o coordenador do MTST referindo-se ao incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida. A requalificação urbana refere-se à adequação e aproveitamento de construções já existentes, ao invés de construir novas unidades.

Para Helena Silveste, coordenadora do movimento Luta Popular,  o desabamento do prédio foi uma tragédia construída pela negligência e o descaso do Estado em relação à política de moradia. ” Aquele prédio foi oferecido para sediar o curso de direito da Unifesp, e não sediou porque os laudos técnicos dos engenheiros contratados pela Universidade afirmavam que não tinha condições. Ou seja, existia uma discussão interna ao Estado sobre a situação do edifício, então eles sabiam”, afirmou.

Ainda na opinião da ativista, o discurso que tenta culpar as vítimas pela tragédia não leva em consideração a situação das famílias que habitavam no local.  “As famílias ocupam porque não existe outra alternativa, ninguém gosta de morar em um prédio correndo risco, numa situação de vulnerabilidade “, destacou Helena. “Estamos neste ato para pressionar e dizer ao poder público que não  vamos esquecer o que aconteceu, não vamos nos calar diante desta tragédia. O Estado é o  responsável. Portanto, tem que prover uma solução adequada e urgente para todos”, finalizou.

Os diretores do Sindicato Ana Luiza Figueiredo e Marcus Vergne durante o ato (crédito: Shuellen Peixoto).

O Sintrajud participou da organização da manifestação e esteve presente no ato. Desde o dia 1º de maio, quando aconteceu o desabamento, a direção do Sindicato tem se solidarizado com às vítimas.  Caixas para recolher donativos para as famílias foram distribuídas nos principais prédios da capital, uma bobina de lona e cordas foram doadas para isolar a área do acampamento e evitar que as pessoas ficassem 100% expostas ao relento. Além das pulseiras de identificação dos moradores do prédio, a fim de auxiliar quando nos primeiros dias havia muita confusão sobre quem vivia na ocupação e quem já em situação de rua buscava apoio no trabalho de atenção – dificultando inclusive identificar quem havia escapado com vida do desastre.

 

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