“Assédio não!” ressaltam servidores durante o 9º Congresso


07/05/2023 - Shuellen Peixoto
No painel com a presença da advogada Eliana Ferreira e do professor Roberto Heloani, colegas aprofundaram as discussões sobre assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.

Foto: Joca Duarte

Dando prosseguimento aos debates durante o 9º congresso do Sintrajud, no final da manhã deste sábado, 6 de maio, aconteceu o painel “Assédio Moral e Sexual não pode ser segredo na justiça – Os desafios na luta contra o assédio como forma de gestão no serviço público: a política da humilhação”. O debate contou com a presença da advogada Eliana Ferreira, do departamento jurídico do Sintrajud, e do professor Roberto Heloani, da Unicamp.

Os palestrantes destacaram a importância de realizar um painel para debater o tema, principalmente diante dos relatos de assédio moral e sexual nos locais de trabalho do Judiciário Federal.  “Nos últimos 4 anos, durante o governo Bolsonaro, foram destampadas as piores tragédias e mazelas do patriarcado e machismo no país e com isso, as mulheres sofreram e continuam sofrendo muito”, afirmou Eliana. “Sabemos também que o sistema capitalista, para garantir os lucros e manter o sistema cada vez mais rico, tem que nos explorar e oprimir, e nos dividir na questão de gênero, raça e entre outros, e é neste contexto temos a violência no ambiente do trabalho, como assédio moral e sexual”, completou a advogada.

Para o professor Roberto Heloani, a situação a que está exposta os servidores e servidoras do Judiciário Federal é preocupante, a lógica aplicada nos últimos das metas e aumento da produtividade tende a gerar ambientes adoecedores e propensos a violências laborais. “A lógica gerencialista e de metas do mercado não serve para o serviço público, porque, diferente do mercado privado, a busca não deve ser pelo lucro, e sim pela qualidade do serviço prestado à população”, destacou o docente.

Heloani destacou ainda a importância do Poder Judiciário para o povo brasileiro. “O Judiciário é, ainda, único escudo que a maior parte da população tem contra as atrocidades e mazelas, por isso, os servidores precisam cuidar da saúde física e mental, para estar bem, senão a população vai perder esse escudo”, disse o professor.

Campanhas contra o assédio

Foto: Joca Duarte

Ainda durante o painel, a advogada Eliana Ferreira, falou sobre a importância da atuação e campanhas travadas pelo Sindicato para combater o assédio moral e sexual no local de trabalho. Eliana explicou como acontece o atendimento de servidores e servidoras que procuram a entidade em situações como estas. “Nossa preocupação é com o acolhimento da vítima, depois disso pensamos as formas de atuação, mas romper o silêncio é o primeiro passo no combate”, afirmou a advogada.

Durante o debate, os servidores relembraram a importância da mobilização e atuação do Sindicato nos casos mais recentes, como a demissão da diretora do Sintrajud Beatriz Massariol, que foi revertida graças a pressão da categoria e solidariedade de entidades sindicais de todo país. E a sindicância sofrida por Raquel Morel, também diretora do Sindicato e servidora do TRE, também revertida pela atuação da categoria. “É urgente que a gente siga com nossa campanha e diga cada vez mais forte que não aceitaremos nenhum tipo de assédio, assédio não!”, disse Ana Luiza Figueiredo, servidora aposentada do TRF-3.

 

Femenagem a professora doutora Margarida Barreto

Foto: Joca Duarte

Antes de iniciar os trabalhos da mesa, foi realizada uma femenagem à professora doutora Margarida Barreto, que faleceu em março de 2022. A professora era uma referência no debate sobre o combate ao assédio moral e sexual.

O professor Roberto Heloani deu seu depoimento sobre a professora e parceira de estudos. “Fundamos um site juntos, mérito é dela, mas num momento que ninguém falava disso. Teve 8 milhões de acesso e 44 mil cartas, o site foi derrubado durante a pandemia, mas já estamos recuperando. Nós nunca cobramos nada de ninguém, nunca foi um consultório médico e nem escritório de advocacia, mesmo sendo ela médica e eu advogado. Margarida expandiu essa questão para América Latina toda, fundamos a rede de combate à violência laboral, que envolve hoje desde o Uruguai até o México”, afirmou professor Heloani, parceiro de Margarida na batalha contra este tipo de violência laboral.

Veja a íntegra do painel:

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM