Após Dia de Luta, servidores querem reforçar campanha contra “reforma” e por vacinação


25/03/2021 - helio batista

Servidores do Judiciário Federal de vários estados, juntamente com dirigentes sindicais e representantes de grupos de oposição das entidades, reuniram-se virtualmente na tarde deste 24 de março – Dia Nacional de Lutas e Greves em Defesa dos Serviços Públicos – para discutir o impacto da proposta de “reforma” administrativa (PEC 32/2020) do governo Bolsonaro e a continuidade da mobilização contra o projeto, bem como pela vacinação imediata de toda a população.

O evento, organizado pelo Sintrajud como parte de um conjunto de atividades online do Dia de Lutas, contou também com uma palestra do advogado Cesar Lignelli, coordenador jurídico do Sindicato, que explicou as motivações da PEC 32 e seus efeitos sobre os servidores e sobre o funcionamento do Estado.

Chamada de “Sala de Luta”, a atividade incluiu ainda apresentações de vídeos de artistas da categoria, com músicas em homenagem às vítimas da pandemia (o país atingiu nesta quarta-feira a marca de 300 mil mortos pela covid-19). Assista aos vídeos nos links abaixo.

Além da “reforma” administrativa, os servidores debateram os projetos de reestruturação que estão em curso nos tribunais de todo o país, a partir da intensificação do uso de ferramentas tecnológicas e da ampliação do teletrabalho.

Ao final da reunião, da qual participaram mais de 120 pessoas, os servidores aprovaram o encaminhamento de um pedido de reunião ampliada da coordenação da Fenajufe e de organização de um seminário nacional sobre os temas debatidos na “Sala de Luta”.

Também foi discutida a organização da categoria em nível nacional para o prosseguimento da campanha contra a “reforma” e em defesa dos serviços públicos e da vacinação imediata de toda a população.

Além do Sintrajud, a Sala de Luta foi convocada pelos sindicatos de Minas Gerais (Sitraemg), Bahia (Sindjufe/BA), Alagoas (Sindjus/AL), Maranhão (Sintrajufe/MA), Mato Grosso do Sul (Sindjufe/MS) e Piauí (Sintrajufe/PI), bem como pelo grupo de oposição do Sindicato do Rio Grande do Sul (LutaSintrajufe/RS).

Ir para as ruas

Para o diretor do Sintrajud Fabiano dos Santos, a realização do Dia Nacional de Lutas e Greves em Defesa dos Serviços Públicos mostrou que é possível fazer um movimento paredista mesmo no momento de agravamento da pandemia.

“A greve é um instrumento necessário e o dia de hoje tem de servir à construção de futuras greves”, afirmou o servidor David Landau, dirigente do sindicato da categoria em Minas Gerais (Sitraemg).

Vários servidores defenderam também que sejam estudadas formas de retomar a mobilização nas ruas sem colocar em risco a segurança sanitária. O objetivo é denunciar o governo Bolsonaro e seu projeto de desmonte do Estado justamente no momento em que a população mais precisa dos serviços públicos, conforme apontou Fagner Iohara, integrante do coletivo LutaSintrajufe/RS.

“Precisamos esclarecer à população como é importante tirar Bolsonaro, Mourão e Guedes”, declarou Denise Carneiro, integrante da base da categoria na Bahia e do Coletivo Resistência e Luta no Judiciário. “Temos de estudar como podemos ir para as ruas e enfrentar esse governo criminoso, com segurança contra o risco biológico.”

Os servidores destacaram que, além do presidente da República, governadores e prefeitos são responsáveis pela tragédia sanitária, ao não decretarem o lockdown.

Apontaram ainda que o auxílio emergencial recentemente aprovado pelo Congresso – em valor menor e com menos beneficiários do que no ano passado – não vai aliviar o impacto da pandemia sobre os mais pobres. O servidor Saulo Arcangeli, integrante do Movimento LutaFenajufe no Maranhão, observou que o orçamento aprovado para o auxílio emergencial, de R$ 44 bilhões, representa apenas 11 dias de pagamento de juros e amortização da dívida pública.

Reestruturação e teletrabalho

Em relação aos projetos de reestruturação que estão sendo implementados no Judiciário, os participantes da “Sala de Luta” apontaram que os servidores estão arcando com grande parte dos custos da expansão do teletrabalho, como a manutenção dos equipamentos e as contas de internet e de energia elétrica.

Eles também denunciaram a intensificação do ritmo de trabalho que tem acompanhado a adoção das novas tecnologias, juntamente com a imposição de metas e a recorrente prática de assédio moral.

Nesta semana entrou em vigor a regulamentação do CNJ sobre o Balcão Virtual, entre muitas mudanças nos sistemas de trabalho que os tribunais introduziram durante a pandemia. “O Judiciário também está passando a boiada”, resumiu David Landau.

Os servidores sugeriram que o tema das reestruturações do Judiciário e do teletrabalho seja discutido em um fórum nacional da categoria.

 

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