8º Congresso: Projeto da terceirização é apontado como “ataque brutal”


25/03/2017 - helio batista

Entidades que participaram da abertura condenaram avanço da terceirização

Um dos mais brutais ataques à classe trabalhadora da história do país. Assim foi classificada a permissão para terceirizar todos os postos de trabalho, de empresas e até dos serviços públicos, aprovada na véspera pela Câmara dos Deputados, na abertura do 8º Congresso do Sintrajud.

O projeto defendido pelo governo de Michel Temer (PMDB) na Câmara, com apoio declarado de grandes empresários, por diversas vezes foi mencionado nas saudações dos representantes de entidades sindicais, políticas e sociais aos congressistas, no auditório do Sintrajud, na noite da quinta-feira (23).

O servidor Márcio Alves, do Sinasefe (sindicato nacional dos trabalhadores das escolas federais do ensino básico e fundamental), externou preocupação com o que possa acontecer com os serviços públicos com esse projeto, a ser sancionado por Temer. “Os funcionários públicos podem ser terceirizados, num momento [em que] também querem criminalizar as greves”, disse.

Natalino Sakamuta, do sindicato dos servidores do Banco Central (Sinal), também propôs fortalecer as mobilizações conjuntas para combater os projetos relacionados às “reformas” Trabalhista e da Previdência. “O congresso de vocês está acontecendo num momento de ataque brutal, como eu nunca vi em toda a minha vida”, disse.

A avaliação foi corroborada pelo dirigente da Fenajufe, Erlon Sampaio. “Sabemos que essas reformas atendem a interesses do capital e dos empresários”, disse. “Esse governo está levando o país à barbárie”, sublinhou. Para Adilson Rodrigues, diretor-suplente da federação, o que está ocorrendo é uma verdadeira “declaração de guerra à classe trabalhadora”, que para ser “respondida à altura” exige a unidade mobilizada dos trabalhadores.

Retorno ao século 19

As organizações partidárias também criticaram o projeto. “A aprovação da terceirização como foi feita ontem [quinta] é um retrocesso quase às [condições existentes] logo após a escravidão”, disse Juninho do Psol.

Militante do MAIS, Silvia Ferraro assinalou que é preciso fazer uma reflexão sobre o que ocorrera na véspera e que impacto terá. “É o maior ataque aos direitos dos trabalhadores desde a Constituição de 1988. Querem fazer com que o custo do trabalhador [brasileiro] se iguale ou fique abaixo do [custo] do chinês”, criticou.

Falando pelo PSTU, Wilson Ribeiro destacou que tais medidas tentam repassar para os trabalhadores o preço de uma crise econômica iniciada em 2008 e até hoje não resolvida pelo capitalismo. Avaliou, no entanto, que a oposição a isso pode crescer.

“O dia 15 demonstrou que é possível organizar uma grande luta da classe trabalhadora, não só para derrotar esse governo, mas também esse Congresso de corruptos”, afirmou.

O servidor do TRF Dalmo Duarte, representando o Espaço Socialista, citou a declaração dada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pouco depois da aprovação da proposta. “A definição de Meirelles com relação à votação da terceirização é que é para gerar empregos temporários; é isso o que sobrou para a classe trabalhadora”, lamentou.

Representante da Auditoria Cidadã da Dívida, Carmen Bressane observou que toda essa tentativa de retirar direitos ocorre num dos países mais ricos do planeta. “Para onde estão indo as riquezas da 9ª economia do mundo?”, indagou, pouco mais de 24 horas após o projeto de lei que pode deteriorar mais as relações de trabalho no país ser aprovado por 231 deputados na Câmara.

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