Nem mesmo a forte chuva impediu que mulheres e homens caminhassem com faixas e cartazes pela Avenida Paulista em direção à Praça Roosevelt, região central da capital paulista, para denunciar o aumento dos casos de violência e feminicídios. As manifestantes exigiram ainda políticas públicas de cuidado à saúde da mulher e o enfrentamento à violência, descriminalização do aborto, paridade salarial, combate à violência racial e transfóbica e cessar-fogo na Palestina, na manifestação pelo 8 de março, Dia Internacional de Luta da Mulher.
Durante todo o percurso, o grupo alertou para o desmonte de serviços prestados às mulheres no estado. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) diminuiu em mais de 70% o orçamento destinado às Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) 24 horas, mesmo com o aumento da violência de gênero. Só no segundo semestre de 2023, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, São Paulo teve 111 vítimas de feminicídio, o maior número entre os estados brasileiros.
O Coletivo de Mulheres do Sintrajud – Mara Helena dos Reis somou-se aos diversos movimentos sociais e sindicais no ato. Como ocorre tradicionalmente, a tenda do Sindicato foi montada na concentração da atividade, com participação também de dirigentes do Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Previdência e Assistência Social) e do Ministério Público Estadual.
Na oportunidade, distribuíram peças gráficas com frases contra a violência machista. As servidoras e servidores também levaram às ruas a defesa por mais verbas para a saúde e a luta contra o assédio no Judiciário. A coordenadora do Coletivo Luciana Carneiro lembrou das diversas pautas e destacou que o ato é muito significativo, pois é o pontapé inicial no calendário de lutas da classe trabalhadora. “Estamos aqui engrossando as fileiras internacionais para que a nossa luta nunca seja esquecida”, defendeu a servidora do TRF-3 e integrante da Federação Nacional (Fenajufe).
No carro de som, lideranças de movimentos sociais e sindicais criticaram a política de privatização do governador, que ameaça entregar para a iniciativa privada serviços essenciais, como a água e o transporte. Manifestantes reforçaram a importância de se retomar as mobilizações em defesa da SABESP, Metrô e CPTM ainda neste mês, com atos e assembleias populares em todo o estado de São Paulo.
Os movimentos também destacaram a situação de mulheres e crianças palestinas na Faixa de Gaza vítimas do bombardeio imposto pelo governo de Israel à Palestina.
Entre as pautas, teve destaque ainda a defesa da legalização do aborto, que levou várias ativistas às ruas para defender seus direitos sexuais e reprodutivos.
O ato ainda teve como um dos eixos a defesa da democracia e contra o fascismo. As mulheres pediram que não haja anistia aos agentes e mandantes dos atos que atentaram contra o regime democrático, suas instituições e prédios públicos (Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e o Palácio do Planalto) no dia 8 de janeiro. E lembraram dos 60 anos do golpe militar (que se completa no dia 31 de março), entoando a palavra de ordem “Ditadura nunca mais!”
Na oportunidade, as manifestantes prestaram solidariedade às argentinas que estão enfrentando nas ruas os ataques do governo ultradireitista de Milei.
O ato denunciou a violência policial no litoral do estado. As operações Escudo e Verão, deflagradas pela Polícia Militar na Baixada, já deixaram pelo menos 39 mortos. A maioria das vítimas são pessoas negras, de acordo com relatório da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
No mesmo 8 de março, o governador Tarcísio afirmou em coletiva que “não estou nem aí”, após entidades defensoras de direitos humanos anunciarem que vão protocolar denúncia contra o governo paulista na Organização das Nações Unidas (ONU).
Integraram o ato, cerca de mil professoras e professores da rede municipal de ensino que realizaram assembleia antes do ato e rejeitaram a proposta de reajuste do prefeito Ricardo Nunes (MDB), de 2,16%. A categoria realiza nova greve no próximo dia 12, com outra assembleia e indicativo de greve por tempo indeterminado. A maioria absoluta do professorado são mulheres.