“A reforma da Previdência violenta as mulheres”, aponta especialista


12/03/2018 - helio batista

Os impactos da Reforma da Previdência sobre a vida das mulheres foi o tema do seminário que aconteceu no último sábado, 10, no auditório do Sindicato. Organizado pelo Coletivo de Mulheres do Sintrajud, o seminário foi uma das atividades realizadas para marcar o mês internacional de luta das mulheres.

Na mesa, composta só por mulheres, as palestrantes debateram os ataques do Governo Temer que atingem de forma mais cruel as mulheres trabalhadoras.  Julia Lenzi, doutoranda em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela USP e professora universitária de direito previdenciário e da seguridade social, explicou as regras da PEC da Previdência. “A reforma da Previdência tem propostas que são verdadeiras violências para as mulheres”, afirmou Julia. “Por exemplo, ter uma diferença de idade mínima de apenas três anos [65 anos para homens e 62 para mulheres] para aposentadoria integral desconsidera que as mulheres dedicam 73% a mais de tempo para trabalhos domésticos e reprodutivos. A pesquisa do IBGE de 2016 aponta que as mulheres trabalham 56 horas semanais, ou seja, o mesmo que uma trabalhadora chinesa”, destacou.

As palestrantes também lembraram que o projeto só foi suspenso graças à mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras. “Conseguimos barrar a PEC da Previdência até este momento e isto foi uma grande vitória dos trabalhadores, principalmente das mulheres”, declarou Érika Andreassy, coordenadora do Ilaese (Instituto Latino Americano Estudos Sócio Econômicos) e integrante do Movimento Mulheres em Luta. “Temos que seguir lutando e mobilizados para barrar a PEC da Previdência e reverter as reformas que já foram aprovadas”, finalizou.

Thayná Yaredy, advogada, coordenadora adjunta do grupo de estudos de Direitos Humanos no IBCCRIM – Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, falou da realidade das mulheres negras, que ocupam os postos de trabalho mais precarizados do mercado, e destacou a importância de realizar debates como estes no mês de luta das mulheres. “Discutir reforma da previdência perto do 8 de março é relembrar que este é um dia muito mais de luta do que de flores. Que este dia precisa ser estendido para o resto do ano, para que nossa voz e mobilização fomentem as mudanças necessárias para que tenhamos o mínimo de igualdade possível nesta sociedade”, afirmou.

Após o debate, os servidores participaram de um happy hour com apresentação do grupo de teatro Erga Omnes, formado por servidores do Judiciário Federal, e do grupo de mulheres Trio Sinhá Flor.

O seminário foi uma das atividades planejadas para o mês de março pelo Coletivo de Mulheres do Sintrajud. O Coletivo também participou dos atos do 8 de março e lançou uma cartilha contra o assédio moral nos locais de trabalho.

“O coletivo começa a dar seus primeiros passos, passos importantes e que nos ajudam a avançar na luta das mulheres e no combate ao machismo”, destacou Inês Leal de Castro, diretora do Sindicato e servidora do TRT-2.

A próxima reunião do Coletivo acontece neste sábado, 17, às 14h, no auditório do Sindicato (Rua Antonio de Godói, 88, 15º andar – Centro).

Assista ao seminário na íntegra abaixo:

Seminário: A reforma da Previdência e a vida das mulheres

Posted by Sintrajud on Saturday, March 10, 2018

 

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM