Em 21 de setembro (sábado) — Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência — a Praça Roosevelt recebe a 2ª Parada do Orgulho da Pessoa com Deficiência (PcD) em São Paulo, que este ano traz como tema “Sônia Livre”. A programação da atividade inclui diversas apresentações artísticas, a partir das 10h.
O movimento quer dialogar com a população, mostrando que as deficiências são parte da diversidade humana e pautar a equidade e a garantia de direitos das pessoas com deficiência, além de reforçar a luta anticapacitista, que vem sendo discutida pelo Sintrajud.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) de 2022 do IBGE, a estimativa é que haja 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. O evento visa chamar a atenção para essa parcela expressiva da população que enfrenta desafios diários, desde o preconceito até a baixa escolaridade e a vulnerabilidade social.
Outro ponto de destaque da parada é a campanha que vai exigir da justiça a liberdade para Sônia Maria de Jesus, mantida há mais de 40 anos em condições análogas à escravização, na casa do desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina Jorge Luiz Borba.
Sônia, mulher negra e surda, é analfabeta tanto em Libras quanto em Língua Portuguesa e continua refém de uma estrutura opressora que a aprisiona ao trabalho escravo doméstico na casa do magistrado. Ela não recebia salário, não tinha descanso, foi privada do direito à educação e tinha várias questões de saúde negligenciadas.
Uma das organizadoras dessa Parada, Mayra Ribeiro, assessora da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL), asseverou a gravidade da situação, interseccionada pelo racismo, machismo e o capacitismo que atinge mulheres negras com deficiência. “Esse é o primeiro caso de desresgate no país — pois após Sônia ser resgatada, o Judiciário autorizou que ela retornasse à casa dos investigados [atendendo a pedido do magistrado]”, explicou, destacando que a campanha já tem apoio internacional. “É inaceitável que pessoas sejam tratadas como objeto”, pontua.
Além das pautas de luta e de denúncia, durante o evento o movimento PcD irá celebrar o segundo ano da Parada, que, desde setembro de 2023, já percorreu diversas capitais, o que inclui Salvador, Recife, Brasília e Belo Horizonte e no final do ano, deve chegar ao Rio de Janeiro. A atividade é organizada pela instituição Parada do Orgulho PCD BR, em colaboração com organizações, movimentos sociais locais e mandatos parlamentares.
Manifestações artísticas
A atividade vai contar com a participação de artistas com deficiência de São Paulo e as performances artísticas garantirão a alegria e diversidade. Poesia, música, teatro e dança são algumas das atrações confirmadas, destacando a riqueza cultural e a expressão artística do segmento. “Vamos celebrar a diversidade, a inclusão e o orgulho de ser PcD”, diz Mayra, que também faz parte da frente de pessoas com deficiência do Movimento Esquerda Socialista, lembrando que a iniciativa busca promover a visibilidade e os direitos das pessoas com deficiência