12º Congrejufe: Painel de Conjuntura abordou desafios políticos e da luta sindical para enfrentar ataques


28/04/2025 - Helcio Duarte e Luciana Araujo
Debate sobre Conjuntura Nacional e Internacional no 12º Congrejufe abordou vários aspectos da crise capitalista, do governo Lula e os impactos destas políticas sobre os trabalhadores; nas manifestações do Plenário, LutaFenajufe defendeu a construção da greve e que a Fenajufe ‘largue as mãos do governo’.

Delegação do LutaFenajufe levou inclusive para o visual do plenário a defesa da greve nacional (Fotos: Joca Duarte)

 

O painel sobre Conjuntura Nacional e Internacional, no primeiro dia do 12º Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário federal e do MPU, reuniu palestrantes que expuseram suas visões sobre o cenário político, econômico e social do momento.

Abordando a temática “As correntes que moldam o mundo: impactos da conjuntura internacional e nacional na luta da categoria”, o debate reuniu como palestrantes o cientista social Rogério Ferreira Silva Lustosa, professor de Sociologia do Instituto Federal da Bahia; o assessor parlamentar Eugênio Pasqualini Santos, chefe de gabinete do deputado federal Patrus Ananias (PT-MG); e a dirigente sindical Jandyra Uehara, secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

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Rogério Lustosa destacou que o governo, ao colocar barreiras e tetos para si mesmo com o Novo Arcabouço Fiscal, “reduziu o limite do possível”. E explicou: “Ele reduziu a possibilidade de o Estado de desenvolver um projeto de desenvolvimento nacional autônomo, voltado para atender as demandas da maioria da população, no qual nós trabalhadores dos serviços públicos n

os encontramos. É um modelo de política macroeconômica que engessa”, disse, ao criticar o novo ‘teto de gastos’ aprovado no início do terceiro mandato do presidente Lula.

Até mesmo a secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jandyra Uehara, reconheceu um problema a ser enfrentado pelos movimentos sociais, sindicais e políticos: setores que hoje se enfrentam com a extrema direita mas defendem as políticas neoliberais, as terceirizações sem limites, a pejotização, as reformas trabalhistas e previdenciárias, o fim da estabilidade e do regime estatutário nos serviços públicos, estão em aliança e mesmo dentro do governo Lula. “Qual é o nosso papel? É lutar para preservar os direitos, para avançar nos direitos. O nosso papel é fazer luta sindical, luta política, organização e mobilização. Até porque se não tiver mobilização, se não tiver luta social, se não tiver luta política, não muda a correlação de forças”, disse.

O plenário, no entanto, já se encontrava bastante esvaziado porque a programação atrasou mais de três horas. A delegação do LutaFenajufe criticou a desorganização e a ausência de outras representações sindicais no debate.

E a diretora do Sintrajud Ana Luiza de Figueiredo Gomes frisou que “Não foi a extrema direita que mandou o arcabouço fiscal para o Congresso”.

‘Guerras e genocídio’

Eugênio Pasqualini Santos, assessor parlamentar e chefe de gabinete do deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), percorreu mais os aspectos da crise capitalista internacional e dos conflitos geopolíticos mundiais, como a guerra na Ucrânia, o ‘genocídio’ do povo palestino por Israel, na Faixa de Gaza, e os muitos e esquecidos conflitos na África. Disse que nada disso está descontextualizado de uma disputa também econômica que tem reflexos para a classe trabalhadora no mundo todo, inclusive no Brasil.

Mencionou, no âmbito nacional, o papel que o Supremo Tribunal Federal vem cumprindo: atua como um guardião dos direitos individuais e da democracia, mas ataca ferozmente quaisquer direitos laborais. “O STF tem aparecido como em defesa da democracia, em defesa dos direitos individuais, mas o que é relativo aos direitos dos trabalhadores com relação aos direitos dos trabalhadores ele tem sido cruel, é um facão, os ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras tem sido uma marca muito contundente das decisões do STF”, disse.

‘Mobilização’

Ao concluir sua exposição, o professor Rogério Lustosa disse que o que considera mais desafiador para as lutas da classe trabalhadora na conjuntura atual no Brasil:

“Qual é o nosso desafio? Não existe possibilidade de mudanças sem mobilização social. É a mobilização social que alarga, que estica o limite do possível”, defendeu. “Portanto precisamos nos preparar para esses enfrentamentos com os instrumentos que forem possíveis: com a mobilização social, com o plebiscito, e quando necessário, se as nossas pautas não forem atendidas, também com mecanismo de greve, que é um instrumento legítimo dos trabalhadores e das trabalhadoras ao longo da nossa história”, finalizou o cientista social, sinalizando um debate que deverá permear os seis dias do congresso.

Defesa da greve

Após a exposição dos debatedores, foi aberto espaço para manifestações do Plenário. Nesse momento, integrantes da delegação do Coletivo LutaFenajufe defenderam a necessidade de construir a mobilização e a greve no Judiciário Federal e MPU para pautar as demandas da categoria, até agora ignoradas pelas administrações.

Também sustentaram que a Fenajufe e o conjunto das direções sindicais não podem perder de vista o seu papel: é uma obrigação atuar com independência e autonomia diante do governo. “Nós não podemos arredar o pé da rua, que é o nosso espaço. Precisamos, através da nossa organização, unidade e greve, retomar as ruas”, disse Madalena Nunes, da delegação do Piauí (Sintrajufe-PI).

O servidor Ismael Souza, da diretoria do Sintrajud, disse que a ultradireita nesse país está em festa. “Por que a classe trabalhadora segue perdendo direitos básicos. Por que esse governo tem o compromisso de levar a classe trabalhadora à perda total dos direitos”, criticou.

Assista ao final deste texto a momentos das defesas do LutaFenajufe no Plenário

Coordenador da federação, integrando o setor minoritário, Fabiano dos Santos lembrou que a greve é um instrumento de pressão que sempre determinou as vitórias da classe trabalhadora. “Nós precisamos de uma greve geral nesse país e, no ponto do vista do Judiciário, construir a greve para avançar nas nossas pautas”, disse.

A servidora Ana Luiza Figueiredo Gomes, da direção do Sintrajud, disse que, além de combater o fascismo e a extrema direita, é necessário combater as políticas do governo Lula/Alckmin. “Vai ser na luta, vai ser na greve [que vamos arrancar nossas conquistas], e a Fenajufe tem que largar as mãos desse governo e vir pro lado dos trabalhadores”, defendeu.

 

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