Temer gastará R$ 99 milhões em propaganda da Reforma da Previdência


27/11/2017 - Shuellen Peixoto

Na última quarta-feira, 22, deputados e senadores aprovaram um projeto de lei que autoriza o repasse de R$ 99 milhões para a publicidade da reforma da Previdência. A campanha publicitária é parte dos esforços do governo Temer para aprovar a PEC 287 ainda neste ano.

O objetivo é convencer a população a abrir mão do direito à aposentadoria. Para isso, um dos artifícios é colocar os trabalhadores da iniciativa privada contra os servidores públicos, que a propaganda chama de “privilegiados”. Segundo dados apurados pelo jornal Folha de São Paulo, a primeira parte da campanha publicitária, lançada na sexta-feira, 17, que conta com inserções de televisão nos horários nobres, custou R$ 20 milhões.

“Os trabalhadores não podem cair no jogo do governo, de dividir para enfraquecer”, diz o servidor do TRT Tarcísio Ferreira, diretor do Sintrajud. “Colocar a população contra os servidores públicos é a estratégia para tirar o foco de quem realmente ganha com isso, os reais privilegiados”, afirma. “Por isso, a necessidade de ampla unidade.”

O Governo já tentou realizar outras campanhas para convencer os trabalhadores da reforma. A primeira foi ao ar em outubro de 2016, e custou cerca de R$ 17 milhões. No primeiro semestre de 2017, segundo dados divulgados pelo site UOL, foram já foram gastos R$ 100,06 milhões dos cofres públicos em propagandas sobre a Reforma da Previdência.

Crédito suplementar para propaganda pró reforma da Previdência é mais de R$ 99 milhões .

Mudanças

No mesmo dia em que o projeto de lei foi aprovado, Temer ofereceu um jantar para deputados, a fim de apresentar as mudanças no texto da reforma e dar continuidade às articulações para conseguir os votos necessários à aprovação das mudanças nas regras de aposentadoria.

Na prática, as mudanças não diminuem o ataque que a PEC significará para os trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada. Como já havia sido anunciado, o governo manteve a fixação de idade mínima para a aposentadoria em 65 anos para homens e 62 para mulheres.

O tempo de contribuição mínima para aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada foi fixado em 15 anos, enquanto para os servidores públicos será de 25 anos. Além disso, a regra de transição estabelece que o trabalhador terá de contribuir por um tempo adicional de 30% para se aposentar. Para conseguir o benefício integral, terá de contribuir por 40 anos.

Greve nacional e dia de mobilização

Para enfrentar esse ataque, centrais sindicais convocaram uma greve nacional para o dia 5 de dezembro (veja matéria aqui).

Antes, servidores públicos de todo o país preparam o dia nacional de mobilização,  na terça-feira, 28. A data será marcada por uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, com a participação de trabalhadores de diversas categorias, para pressionar os parlamentares a não aprovar propostas que retiram direitos e desmontam o serviço público. O Sintrajud enviará uma delegação.

Em São Paulo, os servidores do Judiciário Federal de São Paulo preparam paralisação de 24 horas e participam da assembleia geral para discutir a participação da categoria na greve nacional do dia 5.

Logo após a assembleia, acontece a aula pública sobre “A reforma da Previdência e o desmonte do serviço público”, com a participação de Marcus Orione, professor da USP, Rodrigo Ávila, coordenador Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, além dos assessores do Sindicato Washington Lima, economista, e César Lignelli, advogado. As atividades começam às 13h, em frente ao Fórum Pedro Lessa (Avenida Paulista, 1682).

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